Saúde Digestiva



A Doença Inflamatória Intestinal na adolescência

As doenças inflamatórias do intestino (DII), que incluem a doença de Crohn (DC) e a colite ulcerosa (CU) são doenças inflamatórias crónicas do tubo digestivo.

Não se sabe a etiologia exata da DII, mas pensa-se que resulta de uma complexa interação entre fatores genéticos, ambientais, do sistema imunitário e da flora intestinal que leva ao desenvolvimento de inflamação crónica no intestino.

Embora a DC e a CU se possam manifestar em qualquer idade, o pico de incidência ocorre entre os 15-35 anos de idade, o que significa que muitos doentes são diagnosticados na adolescência.

Quais os principais sintomas da DII na adolescência?

A apresentação clássica da DC na adolescência caracteriza-se por dor abdominal, diarreia e perda de peso, enquanto a CU se manifesta mais frequentemente com diarreia com sangue. No entanto, nos adolescentes pode ocorrer uma variedade de manifestações atípicas, nomeadamente atraso no crescimento, anemia ou outras manifestações extraintestinais envolvendo diferentes sistemas ou órgãos, como os sistemas músculo-esquelético, ocular e hepatobiliar e a pele.

Os efeitos da DII na adolescência estendem-se para além das manifestações físicas da doença. A adolescência é um período de grandes desafios físicos, emocionais e psicológicos. Estes incluem a construção da identidade, o aperfeiçoamento das capacidades cognitivas e das competências sociais, o estabelecimento da independência dos progenitores e o desenvolvimento de relações entre pares. O diagnóstico da DII na adolescência tem impacto considerável nestes desafios, com perturbação da qualidade de vida.

Como diagnosticar?

Não existe um exame de referência que permita estabelecer o diagnóstico das doenças inflamatórias do intestino. O diagnóstico da DC e da CU é baseado na combinação das manifestações clínicas, exames laboratoriais, endoscópicos, imagiológicos e histológicos.

Qual o tratamento desta patologia?

Os objetivos do tratamento da DII na adolescência mudaram de forma significativa nos últimos anos. No passado, quando as opções terapêuticas eram limitadas, o objetivo primário era a redução dos sintomas. Atualmente, com o arsenal terapêutico de que dispomos, temos a oportunidade de modificar a história natural da doença. Deste modo, os objetivos do tratamento consistem em aliviar os sintomas, otimizar o crescimento e melhorar a qualidade de vida, minimizando a toxicidade medicamentosa.

Quando se trata crianças e adolescentes com DII há aspetos específicos a ter em conta, nomeadamente efeitos da doença no crescimento e desenvolvimento, necessidades psicológicas e educacionais. A doença pode ter grande impacto na formação escolar e nas atividades sociais.

O tratamento eficaz da DII na adolescência exige um modelo holístico de cuidados. Engloba mais do que terapêuticas médicas; o crescimento, o desenvolvimento pubertário, o percurso escolar, o bem-estar psicológico são aspetos importantes a considerar. É necessária, pois, uma equipa multidisciplinar, centrada no adolescente que tenha em conta todos estes componentes, para garantir que se obtenham os melhores resultados, e simultaneamente fomentando a sua independência e o desenvolvimento da sua maturidade.

Dra. Ana Oliveira

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