No âmbito do Mês Europeu de Luta Contra o Cancro do Intestino, assinalado em março, a Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia (SPG) apela à urgência da prevenção através do diagnóstico precoce e sugere a criação de um programa de rastreio que colmate, o mais depressa possível, os atrasos causados pela pandemia.
A elevada incidência e mortalidade por Cancro Colorretal (CCR) em Portugal e a existência de um tratamento curativo, que é tanto mais eficaz quanto mais precoce for o diagnóstico, justifica a importância do rastreio, através da colonoscopia. Esta, ao permitir intervir num só momento diagnóstico e terapêutico, ajuda a prevenir novos casos.
Em 2020, foram realizadas menos 150 mil colonoscopias relativamente a 2019. O agravar da situação pandémica da Covid-19 levou a que os recursos fossem dirigidos para o combate à pandemia e, consequentemente, conduziu ao atraso na marcação e a realização de exames.
O atraso no diagnóstico do CCR tem impacto não só na deteção do cancro do intestino, em estádios iniciais e, portanto, mais facilmente tratáveis, como também a possibilidade de prevenir o aparecimento de novos casos.
Esta tendência incidirá não só no número de diagnósticos, alguns em situações avançadas, mas também no aumento da mortalidade. Será difícil contrariar o impacto deste atraso sem um plano de recuperação imediato que tenha também em consideração as listas de espera que foram engrossadas nos hospitais que irão necessitar de ser resolvidas.
Assim, a SPG reforça a necessidade imperativa de organização de um programa de rastreio nacional, eficaz, que promova uma verdadeira prevenção, como só a colonoscopia consegue proporcionar. Para além disso, os especialistas apelam aos cidadãos que adotem uma atitude consciente na procura da solução endoscópica para rastreio e prevenção.
Para o Professor Guilherme Macedo, presidente da comissão da prevenção do cancro do colon da SPG, “é urgente alertar a população para a elevada incidência e mortalidade desta doença, que pode ser acautelada através de um diagnóstico eficaz e atempado”. Este sublinha também que “é altura de implementar uma estratégia nacional baseada na colonoscopia, com igualdade de acesso a todos os cidadãos à prevenção e tratamento, de forma a colmatar os atrasos causados pela pandemia”.
Por fim, a SPG pertente ainda recordar que os estilos de vida têm também um papel importante na prevenção de CCR, sendo que dietas com uma elevada quantidade de alimentos processados, o tabagismo e o elevado consumo de álcool, estão fortemente associados ao desenvolvimento da patologia.