O aparelho digestivo é composto por alguns dos nossos órgãos mais importantes: mede cerca de 10 metros e vai da boca ao ânus, passando pelo esófago, fígado, vesícula, estômago, pâncreas, e intestinos delgado e grosso. Se dermos a devida importância e atenção a toda esta dimensão e abrangência, facilmente comprovamos que, se somos o que comemos e se existe um eixo Cérebro-Intestino-Fígado, a Saúde Digestiva está de facto no centro das nossas vidas.
Na verdade, doenças como o cancro digestivo, a infeção por Helicobacter pylori, síndrome do intestino irritável, hepatites, doença hemorroidária, doença inflamatória do intestino ou simples gastrenterites agudas fazem já parte do nosso léxico, uma vez que afetam milhares de portugueses.
Mas sabia que não ficamos por aqui? Também na especialidade da Gastrenterologia temos de enfrentar, para além destas doenças sobejamente conhecidas e com elevada incidência, um espectro de patologias felizmente menos frequentes e tendencialmente pouco conhecidas: as chamadas doenças raras. Na União Europeia, consideram-se doenças raras as que têm uma prevalência inferior a cinco em 10.000 pessoas. A sua deteção é um processo demorado e minucioso, pois as manifestações e sintomas podem ser lentos e demorar anos.
No último dia de fevereiro assinala-se, em mais de 80 países do mundo, o Dia Mundial das Doenças Raras, com o objetivo de alertar a população para este tipo de patologias e para as dificuldades que os doentes que delas padecem enfrentam diariamente. É por isso que, ao longo deste mês, iremos dar a conhecer três doenças do foro gastrenterológico que, pela sua incidência, são consideradas raras ou incomuns: a Colangite Biliar Primária, a Doença de Wilson e a Paramiloidose.