Saúde Digestiva



O que é a SII?

A SII, uma síndrome que afeta 1 milhão de portugueses.

A síndrome do intestino irritável (SII) é um problema de saúde do tubo digestivo, caracterizado essencialmente pela presença de dor abdominal e alteração nos hábitos intestinais (obstipação e/ou diarreia).

Esta é uma patologia que afeta 10 a 25% das pessoas em todo o mundo e, em Portugal, a Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia estima que cerca de 1 milhão de pessoas apresentam sintomas de SII.

Apesar da sua elevada prevalência, ainda existem muitas pessoas que não procuram ajuda médica por desconhecimento e por vergonha de falar dos sintomas.

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Sinais e Sintomas

Os sintomas são iguais em todas as pessoas?

A síndrome do intestino irritável (SII) começa frequentemente na idade adulta jovem, e é mais comum nas mulheres do que nos homens. O sintoma mais comum da SII é a dor abdominal associada a mudanças nos hábitos intestinais (diarreia e/ou obstipação).

Sintomas frequentes

   

Diarreia

Uma pessoa com SII pode ter fezes com menor consistência. Os movimentos intestinais ocorrem geralmente durante o dia, e mais frequentemente de manhã ou após as refeições. A diarreia é frequentemente precedida por um sentimento de extrema urgência defecatória e seguida por uma sensação de esvaziamento incompleto. Cerca de metade das pessoas com SII também notam a presença de muco nas fezes. Diarreia que ocorre durante a noite é invulgar no contexto da SII.

   

Dor abdominal

Normalmente sob a forma de cólica e com localização ou intensidade variáveis. Algumas pessoas notam que o stress emocional e a alimentação agravam a dor, e que ter um movimento intestinal alivia a dor (podendo, no entanto, também agravá-la). Algumas mulheres com SII notam uma associação entre episódios de dor e o seu ciclo menstrual.

   

Obstipação (mais do que três dias sem evacuar)

Consiste normalmente em fezes duras, eliminadas com esforço, e não costuma ser acompanhada por sangue. A obstipação na SII pode ser intermitente e durar dias. O indivíduo pode não sentir uma evacuação incompleta, mesmo quando o reto está vazio. Esta sensação alterada pode levar a sentar-se na sanita por períodos prolongados de tempo.

   

Alteração nos hábitos intestinais

Os hábitos intestinais alterados são o outro sintoma típico da SII. Isto pode incluir diarreia, obstipação, ou diarreia alternada com obstipação. Se a diarreia é o padrão mais comum, a condição é chamada SII “com predomínio de diarreia”; se a obstipação é mais comum, a condição é chamada SII “com predomínio de obstipação”.

   

Outros sintomas

Outros sintomas de SII incluem inchaço, sensação de gás e eructações.

Fontes: Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia.

Causa da SII

O que provoca a SII?

Há uma série de hipóteses sobre como e porque é que a SII se desenvolve. Apesar da intensa investigação, a causa não é ainda clara.

De qualquer forma, sabe-se que existem vários fatores que podem alterar o funcionamento do trato gastrointestinal.

Entre estes estão:

   
A alteração da motilidade intestinal:

A regulação deficiente das contrações musculares do trato gastrointestinal, causando movimentos anormais.

   
A hipersensibilidade visceral:

Uma maior sensibilidade dos nervos que estão ligados ao trato gastrointestinal. Sabe-se que, em muitas pessoas com SII, o trato digestivo é especialmente sensível a vários estímulos. A pessoa pode sentir desconforto causado por gases ou contrações intestinais que não incomodam outras pessoas. Para outras pessoas, trigo, laticínios, feijão, chocolate, café, chá, alguns adoçantes artificiais, alguns tipos de verduras (como espargos ou brócolos) ou frutas (como o damasco) parecem agravar os sintomas. Estes alimentos contêm hidratos de carbono que são mal absorvidos pelo intestino delgado. Refeições com alto teor de calorias ou uma dieta com alto teor de gordura podem ser fatores desencadeantes para algumas pessoas.

   
A disfunção cérebro-intestino:

Problemas na comunicação entre os nervos do cérebro e do intestino. Desequilíbrio da microbiota intestinal e inflamação.

   
Fatores psicossociais:

Stress, ansiedade, medo ou comorbilidades psiquiátricas como a depressão. As pessoas com SII que procuram ajuda médica são mais suscetíveis a sofrer de ansiedade e stress do que as que não procuram ajuda. Sabe-se que o stress e a ansiedade afetam o intestino; por conseguinte, é provável que agravem os sintomas, mas não serão provavelmente a causa subjacente.

   
Outros sintomas

Outros sintomas de SII incluem inchaço, sensação de gás e eructações.

Fontes: Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia.

Mais sobre a SII

Em condições normais, os nutrientes são absorvidos através das células, evitando a passagem de alergénios ou bactérias. Mas, sempre que essa barreira de proteção sofre alterações, considera-se que o intestino é permeável, podendo entrar nas células do intestino substâncias nocivas para o organismo, originando uma inflamação de baixo nível.

Estudos mais recentes demonstram que os doentes com SII com diarreia apresentam um aumento da permeabilidade intestinal, o que favorece a passagem de substâncias e bactérias para o meio interno. Em condições normais, essas substâncias seriam excluídas e eliminadas nas fezes, porém, no caso da SII, a barreira intestinal é rompida, provocando mudanças inflamatórias na resposta à penetração dessas substâncias nocivas e bactérias.
O tubo digestivo representa a maior superfície em contacto com o exterior do nosso organismo, tendo uma área aproximada de 250 m2.

Fontes: American Gastrenterologic Association (https://gastro.org/practice-guidance/gi-patient-center/topic/irritable-bowel-syndrome-ibs/); Parkes GC, et al. (2012) Distinct microbial populations exist in the mucosa associated microbiota of subgroups of irritable bowel syndrome. Neurogastroenterol Motil ; 24 : 31-39. Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia (https://www.spg.pt/).

Diagnóstico

Uma arma essencial para atenuar os sintomas

Chegar ao diagnóstico da SII nem sempre é fácil, devido à enorme diversidade de sintomas, à sua variação de pessoa para pessoa e ainda à sua flutuação ao longo do tempo. Contudo, o diagnóstico é uma ferramenta essencial para ajudar quem sofre da patologia a lidar melhor com ela. Além disso, um diagnóstico feito por um gastrenterologista é fundamental para receber uma explicação clara, um tratamento eficaz e sentir menos ansiedade sobre o que está a provocar os sintomas.

Vários distúrbios intestinais diferentes têm sintomas semelhantes à síndrome do intestino irritável. Exemplos incluem síndromes de má absorção (absorção anormal de nutrientes), doença inflamatória intestinal (como colite ulcerativa e doença de Crohn), doença celíaca (na qual o corpo é incapaz de decompor uma proteína chamada “glúten”), e colite microscópica (uma condição que envolve inflamação microscópica do cólon).

Como não existe um teste diagnóstico único para a SII, a abordagem de muitos médicos envolve a comparação dos seus sintomas com critérios diagnósticos publicados na literatura. Contudo, estes critérios não são suficientes para distinguir a SII de outras condições em todas as pessoas. Assim, uma história médica, um exame físico e testes selecionados podem ajudar a excluir outras condições médicas.

Testes a realizar:

A maioria dos médicos prescreve testes de sangue de rotina em pessoas com suspeita de SII; estes testes habitualmente não apresentam alterações, mas podem ajudar a descartar outras condições médicas. Nos casos de diarreia, também poderão ser pedidos exames às fezes.
Em situações particulares podem ser pedidos testes mais invasivos, tais como sigmoidoscopia ou colonoscopia, especialmente em pessoas com mais de 45 anos de idade ou na presença de sinais de alarme que indiquem a presença de doença orgânica/estrutural (perda de peso, perda de sangue, anemia, história familiar de cancro digestivo, etc).

CRITÉRIOS DE ROMA IV
Os critérios de Roma – assim denominados porque foram criados pela Rome Foundation, uma fundação formada por médicos especialistas com a missão de melhorar a vida das pessoas com distúrbios funcionais gastrointestinais – são o método utilizado pelos gastrenterologistas para o diagnóstico da síndrome do intestino irritável. Atualmente, está em vigor a IV edição destes critérios.

Os critérios de Roma IV* são os seguintes:

  • Dor abdominal recorrente e que ocorra, em média, pelo menos uma vez por semana nos últimos três meses.
  • Associada a dois ou mais dos seguintes:
  • Alívio da dor com defecação;
  • Alteração na frequência das fezes;
  • Alteração da forma (aparência) das fezes.

ESCALA DE BRISTOL
De acordo com as guidelines da World Gastroenterology Organisation, a síndrome do intestino irritável pode ser dividida em quatro subtipos, segundo as características predominantes das fezes:

SII com predomínio de diarreia (SII-D)

  • Fezes moles com frequência;
  • Frequente necessidade urgente de evacuar;
  • Cólicas ou dor abdominal frequente.

SII com predomínio de obstipação (SII-O)

  • Evacuações pouco frequentes;
  • Dificuldade em evacuar;
  • Vontade de evacuar, mas sem sucesso.

SII mista (SII-M)

  • Sintomas de SII-D e SII-O.

SII inespecífica (SII-I)

  • Aqui enquadram-se todas as pessoas com sintomas, mas cujos hábitos intestinais não podem ser categorizados com precisão nos três primeiros grupos.

O que o formato das fezes nos pode dizer?
Ora, para ajudar a caracterizar o subtipo de síndrome do intestino irritável e, desta forma, chegar a um diagnóstico, é utilizada a Escala de Bristol. Esta é uma escala desenvolvida pelo Dr. Ken Heaton na Universidade de Bristol e publicada no Scandinavian Journal of Gastroenterology em 1997, destinada a classificar a forma das fezes humanas em sete tipos.


Fontes: Rome Foundation (https://theromefoundation.org/rome-iv/rome-iv-criteria/); Lacy BE, et al. (2016). Bowel Disorders; J. Schmulson e A. Drossman. (2017). What Is New in Rome IV. J Neurogastroenterol Motil.
S. J. Lewis & K. W. Heaton, Stool Form Scale as a Useful Guide to Intestinal Transit Time, Scandinavian Journal of Gastroenterology, Pages 920-924 | Received 04 Apr 1997, Accepted 06 May 1997, Published online: 08 Jul 2009 (https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.3109/00365529709011203).

Tratamento

O tratamento deve ser individualizado

Existem várias abordagens terapêuticas diferentes para a SII. Os tratamentos são frequentemente propostos para reduzir a dor e outros sintomas da SII, e pode ser necessário tentar mais do que uma combinação de tratamentos para o controlo dos sintomas.

O tratamento da SII pode levar tempo; durante este processo, é fundamental o estabelecimento de uma boa relação entre médico e doente, o que permite perceber as expectativas e preocupações relacionadas com os sintomas, identificar quaisquer fatores de stress ou outros problemas que se desenvolvam. Deve ser fornecida informação que tranquilize o doente em relação à benignidade da condição e traçar metas realistas que incluam o controlo sintomático para melhorar a qualidade de vida.

E BRISTOL
De acordo com as guidelines da World Gastroenterology Organisation, a síndrome do intestino irritável pode ser dividida em quatro subtipos, segundo as características predominantes das fezes:

SII com predomínio de diarreia (SII-D)

  • Fezes moles com frequência;
  • Frequente necessidade urgente de evacuar;
  • Cólicas ou dor abdominal frequente.

SII com predomínio de obstipação (SII-O)

  • Evacuações pouco frequentes;
  • Dificuldade em evacuar;
  • Vontade de evacuar, mas sem sucesso.

SII mista (SII-M)

  • Sintomas de SII-D e SII-O.

SII inespecífica (SII-I)

  • Aqui enquadram-se todas as pessoas com sintomas, mas cujos hábitos intestinais não podem ser categorizados com precisão nos três primeiros grupos.

O que o formato das fezes nos pode dizer?

Ora, para ajudar a caracterizar o subtipo de síndrome do intestino irritável e, desta forma, chegar a um diagnóstico, é utilizada a Escala de Bristol. Esta é uma escala desenvolvida pelo Dr. Ken Heaton na Universidade de Bristol e publicada no Scandinavian Journal of Gastroenterology em 1997, destinada a classificar a forma das fezes humanas em sete tipos.

 

Algumas opções para combater os sintomas
Monitorizar os sintomas
O primeiro passo no tratamento da SII é geralmente monitorizar os sintomas, hábitos intestinais diários, e quaisquer outros fatores que possam afetar o intestino. Isto pode ajudar a identificar fatores que agravam os sintomas em algumas pessoas com SII, tais como a lactose, ou outras intolerâncias alimentares, e o stress. Fazer um diário para acompanhar a dieta e os sintomas intestinais pode ser útil.

Alterações na dieta

É razoável tentar eliminar alimentos que possam agravar a SII, embora seja melhor consultar o médico antes de fazer alterações significativas à dieta. A eliminação de alimentos sem assistência pode potencialmente agravar os sintomas ou causar novos problemas se grupos alimentares importantes forem evitados.

 

Alimentos que causam gás

Muitos alimentos são apenas parcialmente digeridos no intestino delgado. Quando chegam ao cólon (intestino grosso), ocorre uma maior digestão, que pode causar gás e cólicas. A eliminação temporária destes alimentos é razoável se o gás ou o inchaço forem incómodos. Os alimentos mais comuns que produzem gás são as leguminosas e os vegetais crucíferos. Além disso, algumas pessoas têm problemas com cebolas, aipo, cenouras, passas de uva, bananas, damascos, ameixas secas, rebentos e trigo.

 Lactose

Muitos médicos recomendam a eliminação temporária de produtos lácteos, uma vez que a intolerância à lactose é comum e pode agravar a SII ou causar sintomas semelhantes. A maior concentração de lactose encontra-se no leite e gelados, embora esteja presente em quantidades mais pequenas no iogurte, no queijo, e em quaisquer alimentos preparados com estes ingredientes. Se o médico sugerir eliminar a lactose, deve evitar todos os produtos que a contenham durante duas semanas. Se os sintomas de SII melhorarem, é razoável continuar a evitar a lactose. Se os sintomas não melhorarem, poderá retomar a ingestão de alimentos que contenham lactose.

Aumentar a ingestão de fibra

Aumentar a ingestão de fibras (quer adicionando certos alimentos à dieta ou utilizando suplementos de fibra) pode aliviar os sintomas da SII, particularmente se tiver obstipação. A fibra também pode ser útil em algumas pessoas com predomínio de diarreia, uma vez que pode melhorar a consistência das fezes. Um suplemento de fibras como psyllium ou metilcelulose também pode ser recomendado, uma vez que é difícil consumir fibras suficientes na dieta. Os suplementos de fibras devem ser iniciados numa dose baixa e aumentados lentamente durante várias semanas para reduzir os sintomas de excesso de gás intestinal, o que pode ocorrer em algumas pessoas quando se inicia a terapêutica com fibras. Uma alternativa estudada mais recente passa pela ingestão de dois kiwis por dia, que revelou bons resultados. As fibras podem tornar algumas pessoas com SII mais inchadas e desconfortáveis. Se isto acontecer, é melhor diminuir a ingestão das mesmas e considerar outros tratamentos laxantes para a obstipação.

Terapias psicossociais

O stress e a ansiedade podem agravar a SII em algumas pessoas. A melhor abordagem para reduzir o stress e a ansiedade depende da situação e gravidade dos sintomas. Uma discussão aberta com o médico sobre o possível papel que o stress e a ansiedade possam ter nos seus sintomas ajudam a decidir em conjunto a melhor linha de ação. Algumas pessoas beneficiam de aconselhamento formal, com ou sem medicamentos antidepressivos ou ansiolíticos. Outros tratamentos, tais como hipnose e terapia cognitiva comportamental, também podem ser úteis. A participação num grupo de apoio também pode ser benéfica. Muitos doentes consideram que o exercício diário é útil para manter uma sensação de bem-estar. O exercício também pode ter efeitos favoráveis sobre o intestino.

Medicamentos para a SII

Embora muitos medicamentos estejam disponíveis para tratar os sintomas da SII, estes são principalmente utilizados para aliviar os sintomas e promover a qualidade de vida. A escolha entre estes medicamentos depende, em parte, de o sintoma primário ser a diarreia, a obstipação, ou a dor. Regra geral, os medicamentos são reservados a pessoas cujos sintomas não tenham respondido adequadamente a medidas mais conservadoras, tais como alterações na dieta e suplementos de fibras. Se for necessária medicação, o médico deverá trabalhar com o doente para descobrir a abordagem certa para cada situação

 

Viver com SII

DIGA SII AO DESAFIO #1: BEBER 2 LITROS DE ÁGUA POR DIA

Beber água é fundamental para garantir o equilíbrio do nosso organismo e quem sofre de síndrome do intestino irritável deve prestar ainda mais atenção à hidratação. Sobretudo quem tem SII associada a obstipação deve garantir uma boa ingestão diária de água, como forma de facilitar o trânsito intestinal. Por todos estes motivos lançamos-lhe um desafio: beber 2 litros de água por dia durante um mês! Depois diga-nos qual a diferença que sentiu no seu organismo!

O tratamento da SII pode levar tempo; durante este processo, é fundamental o estabelecimento de uma boa relação entre médico e doente, o que permite perceber as expectativas e preocupações relacionadas com os sintomas, identificar quaisquer fatores de stress ou outros problemas que se desenvolvam. Deve ser fornecida informação que tranquilize o doente em relação à benignidade da condição e traçar metas realistas que incluam o controlo sintomático para melhorar a qualidade de vida.

DIGA SII AO DESAFIO #2: FAZER UMA CAMINHADA POR DIA

O exercício físico é uma das melhores formas de controlar os sintomas da síndrome do intestino irritável. Exercícios como caminhadas, aeróbica ou andar de bicicleta podem aliviar os seus sintomas e aumentar a sua qualidade de vida. Fica então o desafio: fazer uma caminhada todos os dias durante um mês. Aproveite e fale com um amigo para caminhar consigo! Verá que além de colocar a conversa em dia, se sentirá melhor!

MELHOR CONSIIGO ESTRATÉGIAS PARA (CON)VIVER MELHOR COM A SIIA

É verdade que viver com a síndrome do intestino irritável pode ser desafiante. Sabemos que é, muitas vezes, uma condição imprevisível, que os sintomas podem mudar ao longo do tempo, mas saiba que também existem várias formas de gerir melhor esta patologia e ajudá-lo a viver da forma mais harmoniosa possível.

A ansiedade é um dos sintomas muito frequentemente associados à síndrome do intestino irritável. Damos-lhe algumas dicas/conselhos para que consiga controlar a ansiedade e o nervosismo e ter uma vida melhor e mais plena.

 

5 DICAS PARA CONTROLAR A ANSIEDADE

Mude de atitude

Mudar a atitude relativamente aos problemas pode, de facto, reduzir a ansiedade. Para o efeito, deve tomar consciência sobre o que está a provocar a ansiedade, perceber se existe solução e resolver o quanto antes. Se o problema não tiver resolução fácil, é também importante tomar consciência que ficar ansioso não vai melhorar a situação. Tente relaxar o mais possível, seja através da meditação, de um hobby, da prática de ioga ou tai-chi. Informe-se das soluções ao seu dispor.

Respire fundo e calmamente

As crises de ansiedade levam muitas vezes à sensação de falta de ar e aperto no peito. Nestes casos, deve respirar fundo e calmamente, como se estivesse a encher a barriga de ar (imagine um balão!). Além disso, outra coisa que pode ajudar é fechar os olhos e imaginar-se num local agradável, como numa praia, a ouvir o som das ondas do mar.

Não sofra sozinho

Sofrer sozinho e não falar do que o preocupa pode levá-lo ao isolamento e aumentar o sofrimento e a ansiedade. Peça ajuda a amigos, familiares ou mesmo a um psicólogo e verá que fica mais tranquilo.

Pense positivo

Muitas vezes, a ansiedade surge devido a pensamentos negativos ou autodestrutivos, que às vezes são intensificados pela própria pessoa. Uma dica que pode ajudar a controlar estes pensamentos, é ver o lado positivo dos problemas. Além disso, deve lembrar-se de tudo o que de positivo lhe acontece durante o dia. A gratidão é um sentimento positivo e poderoso.

Valorize o presente

É comum as pessoas sentirem-se ansiosas por pensarem muito no futuro e anteciparem situações, gerando medo e sofrimento por antecipação. Para contornar esta situação, deve valorizar e viver o presente. A verdade é que, se a ansiedade é provocada pelo passado, nada poderá ser feito para mudá-lo.

 

CULTIVE UM SONO SAUDÁVEL

Para algumas pessoas, deitar-se na cama e adormecer imediatamente é normal, mas nem todos temos facilidade em adormecer, seja porque estamos demasiado nervosos ou ansiosos com preocupações do trabalho ou da vida pessoal. Além disso, sabe-se que os distúrbios do sono podem agravar a síndrome do intestino irritável. Alterar os hábitos pode ser meio caminho andado não só para adormecer mais facilmente, mas também para ter um sono mais reparador e acordar fresco na manhã seguinte. Estabelecer rotinas é essencial, assim como a prática regular de exercício físico (menos ao final da tarde e à noite) que também pode ser útil.

Tenha hora certa para acordar… e deitar

Habitualmente, temos hora certa para acordar. Mas, porque não estender isso para a hora de deitar? Deve criar também o hábito de se deitar a uma hora fixa todos os dias, incluindo fins de semana! O nosso corpo precisa de uma rotina.

Não ceda ao apelo das sestas

  • As sestas são de evitar, especialmente para quem sofre de insónias.
  • Evite a cafeína à tarde e à noite
  • A cafeína é uma substância estimulante e, como tal, inibe o sono. Por isso, evite o café e as bebidas com cafeína (como refrigerantes ou chá preto) a partir da tarde.

O jantar deve ser ligeiro

  • Atenção ao que come ao jantar, pois as refeições pesadas tornam mais difícil adormecer e resultam num sono mais agitado e superficial.

Prepare o quarto antes de dormir

  • Antes de dormir verifique se o quarto está escuro, silencioso e a uma temperatura amena. Evite ter computador ou documentos do trabalho, pois as preocupações também são para ficar do lado de fora do quarto.

 

COMA MELHOR E REGULARMENTE

Ter hábitos alimentares regulares, evitando comer muito tarde ou antes de se deitar, é uma das formas de poder aliviar os seus sintomas. Melhorar a sua digestão é essencial para diminuir o inchaço, os gases e os outros sintomas que acompanham a síndrome do intestino irritável.
Aconselhe-se com um nutricionista, de preferência com experiência no tratamento e acompanhamento da SII.

Fique com as nossas dicas!

  • Faça refeições regulares e em horários certos, como de 3 em 3 horas, por exemplo;
  • Evite bebidas alcoólicas ou bebidas estimulantes, como café e energéticos;
  • Opte por alimentos naturais, frescos e não processados;
  • Evite alimentos com muita gordura, como manteiga, queijo, enchidos, bolos ou bolachas;
  • Beba pelo menos 2 litros de água por dia;
  • Dê preferência a alimentos cozidos ou grelhados;
  • Ajuste o seu consumo de fibras – fale com o seu nutricionista para descobrir se deve consumir mais, menos e quais;
  • Limite o consumo de fruta a 3 porções por dia;
  • Evite os açúcares e adoçantes, de forma geral;

FAÇA EXERCÍCIO FÍSICO REGULARMENTE

Fazer pelo menos 30 minutos diários de exercício traz inúmeros benefícios para o corpo e para a mente! A prática regular de exercício físico diminui a quantidade de cortisol, que é uma hormona relacionada com o stress, e promove a libertação de endorfinas na corrente sanguínea, as chamadas “hormonas da felicidade”.
Comece por fazer caminhadas ou andar de bicicleta, por exemplo, mas se for possível, inscreva-se num ginásio para se sentir mais motivado em tornar o desporto uma rotina na sua vida. Praticar uma atividade é uma ótima forma de se distrair dos problemas que causam ansiedade, viver o presente e manter a mente focada num objetivo e, além disso, estão demonstrados os seus benefícios no controlo dos sintomas da síndrome do intestino irritável.

 

Fontes: World Gastroenterology Organization (2018). WGO Practice Guideline: Dieta e intestino, Tua Saúde (https://www.tuasaude.com/7-dicas-para-controlar-a-ansiedade/) e (https://www.tuasaude.com/dieta-fodmap-para-sindrome-do-intestino-irritavel/); Cuf (https://www.cuf.pt/mais-saude/10-conselhos-para-dormir-melhor).

PODCAST

À conversa ConSIIgo

Acompanhe agora todos os episódios para descobrir mais sobre SII com a ajuda dos nosso convidados.

Episódio 1 – Síndrome do Instestino Irritável
Professor Rui Tato Marinho
Diretor do Serviço de Gastrenterologia e Hepatologia do C.H. Lisboa Norte

Episódio 2 – Diagnóstico da SII
Dr. José Pedro Rodrigues
Gastroenterologista do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental

Episódio 3 – A voz de quem vive com SII
Sofia Costa e Joana Oliveira
Doentes com SII

Episódio 4 – Nutrição e SII
Professor Jorge Fonseca
Diretor do Serviço de Gastrenterologia do Hospital Garcia de Horta

Episódio 5 – O intestino é o nosso segundo cérebro?
Dra. Sandra Lopes
Médica no serviço de Gastrenterologia, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra

Episódio 6 – Conselhos e Dicas sobre SII
Professor Guilherme Macedo
Presidente da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia e Diretor do Serviço de Gastreterologia do CHU de S. João