Saúde Digestiva



Encefalopatia Hepática: como combater as alterações neurológicas em doentes do fígado?

Como é que a encefalopatia hepática afeta o sistema digestivo e como pode ser detetada e combatida? Nós explicamos-lhe hoje.

Mas antes de mais, é necessário perceber: de que se trata esta doença?

A encefalopatia hepática inclui um conjunto de alterações neurológicas, potencialmente reversíveis, que ocorrem em indivíduos com doenças do fígado, tipicamente com cirrose hepática. Estas alterações resultam da acumulação de substâncias tóxicas no cérebro, entre elas a amónia, que não são adequadamente eliminadas pelo fígado.  O risco de desenvolver encefalopatia hepática após o diagnóstico de cirrose hepática é de 30-40%.

Esta patologia tem um elevado impacto na qualidade de vida do doente, estando associada a um aumento do risco de quedas e de acidentes de viação, bem como da taxa de mortalidade.

Mas quais os principais sinais e sintomas? Estes podem variar. Vão desde défices cognitivos subtis, apenas identificados em testes específicos, até sintomas mais evidentes, que afetam a atenção, o tempo de reação e a memória. Tipicamente os doentes ficam confusos, desorientados e sonolentos, com alterações na personalidade, comportamento e humor. As perturbações do sono, como a insónia e a sonolência durante o dia, são também manifestações comuns, que geralmente ocorrem na fase inicial da doença. Os doentes com encefalopatia hepática grave podem evoluir para o estado de coma.

O diagnóstico baseia-se nos sintomas do doente, no exame físico e nas análises sanguíneas. É também fundamental a realização de outros exames para identificar os fatores que desencadearam o episódio de encefalopatia hepática (por exemplo infeção ou hemorragia).

Existe Tratamento? Existe sim, e depende da gravidade do quadro clínico. O tratamento pode ser realizado em meio hospitalar ou em ambulatório. O tratamento inicial inclui a correção de qualquer causa que tenha precipitado as alterações neurológicas. O tratamento baseia-se ainda na utilização de medicamentos que diminuem a produção e absorção da amónia, tais como a lactulose e a rifaximina. A dose de lactulose deve ser ajustada para que o doente tenha 2 a 3 dejeções moles por dia. Se não existir melhoria após o início do tratamento com lactulose, deve ser posteriormente adicionada a rifaximina.

O prognóstico desta patologia é bastante positivo. Até 90% dos doentes recuperam do episódio de encefalopatia hepática após eliminação dos fatores desencadeantes e início de tratamento dirigido.

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