Saúde Digestiva

Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia alerta para uma outra pandemia
Prevenção

Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia alerta para uma outra pandemia

27 Jul 2021

No dia em que mundialmente se assinala a luta contra as hepatites, dia 28 de julho de 2021, a Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia (SPG) alerta que estas constituem uma outra pandemia esquecida e que ainda há um grande caminho a percorrer para chegar à meta da eliminação estabelecida pela Organização de Mundial de Saúde.

Considera-se que a prevalência possa estar a atingir cerca de 100 mil portugueses que estarão infetados pelo vírus B ou C. Em Portugal, por identificar, só pelo vírus da hepatite C, (VHC) estima-se que ronde os 40 mil portugueses. No mundo, 350 milhões pessoas infetadas com o vírus da hepatite B e 75 milhões com hepatite C, números que revelam o peso das hepatites víricas varia consoante as zonas do globo.

A hepatite é uma inflamação das células do fígado, que pode ter várias causas, como o álcool ou alguns medicamentos e particularmente os cinco vírus: A, B, C, D e E. O fígado tem uma função vital do aparelho digestivo e, no caso de inflamação ou lesão, leva à diminuição da sua função. As hepatites B e C são as mais prevalentes e mais graves, por poderem evoluir, quando não tratadas, para cirrose e cancro do fígado.

Em Portugal, a doença hepática vírica tem um peso significativo quer em termos individuais, com implicações na qualidade de vida dos doentes, quer pelo impacto social e económico.  Uma vez que as hepatites resultam, numa significativa percentagem, em doença crónica avançada (a cirrose), esta situação conduz ao aumento de cuidados hospitalares e consequentemente ao incremento da despesa em saúde. Guilherme Macedo, presidente da SPG adianta que “a eliminação da hepatite C em Portugal vai ter um enorme impacto favorável também sob o ponto de vista económico a curto, medio e longo prazo”.

Resultante da forma de transmissão do vírus C nasce estigma social associado a este vírus. A transmissão acontece sobretudo por via sanguínea, sendo que a maioria das pessoas o adquire através da partilha de agulhas, seringas e outro material contaminado usado para consumo de drogas. Existem, no entanto, pessoas infetadas fora destes grupos de risco. São na sua grande maioria infeções silenciosas. “O problema do estigma é bidirecional”, esclarece Guilherme Macedo, e acrescenta que “se por um lado, os indivíduos com hepatite C sentem-se descriminados, por outro, a sociedade, considera que este é um problema de uma população marginal. São dois vetores que condicionam a identificação e consequentemente o tratamento e cura da hepatite C. As hepatites não são um problema de nicho populacional, mas sim um desafio global.”, explica Guilherme Macedo.

A SPG tem um papel fundamental na resolução deste problema. Por um lado, deve continuar a mobilizar e estimular os seus parceiros médicos, das diferentes especialidades, lembrando que a luta pela eliminação não foi interrompida. E, por outro lado, promover a compreensão da dimensão e da importância das hepatites na sociedade contribuindo para uma melhor literacia pública sobre este assunto e mobilizando todos os portugueses a realizarem testes de rastreio.

Assim, através do rastreio e do tratamento que apresenta taxas de cura superiores a 97%, é possível a eliminação desta pandemia até 2030, e cumprir a meta estabelecida pela Organização Mundial da Saúde contratualizada com dezenas países, incluindo Portugal.

Consulte o seu médico gastrenterologista, para o bem da Sua Saúde Digestiva.

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