Saúde Digestiva

O ABCDE das Hepatites Víricas
Diagnóstico

O ABCDE das Hepatites Víricas

20 Jul 2021

A Hepatite é um termo que significa inflamação do fígado. As Hepatites víricas são doenças em que o fígado é infetado por um vírus com “apetência” pare este órgão (hepatotrópico). Esta infeção não provoca, habitualmente sintomas e, devido a natureza silenciosa, a maioria dos indivíduos desconhece estar infetados. As hepatites virais são uma das principais causas de morte e um urgente problema de saúde pública a nível mundial.

Atualmente, são conhecidos cinco vírus da hepatite, cada um identificado por uma letra: A, B,C,D,E. Todos provocam uma infeção “aguda”, mas apenas alguns resultam em infeção crónica, o que representa um risco acrescido de cirrose, insuficiência hepática e mesmo cancro de fígado.

Hepatite A é uma infeção aguda originada por um vírus de RNA. Transmitida por via fecal-oral através da ingestão de alimentos ou água contaminados, ou por contacto pessoa a pessoa. É eliminado através das fezes, em elevadas concentrações, desde 2 a 3 semanas antes até uma semana após o aparecimento dos sintomas.

Os principais sintomas são cansaço, febre, náusea, pele e olhos amarelos (icterícia), dor abdominal, falta de apetite e urina escura. Contudo, o aparecimento destes dependerá sempre da idade do doente, sendo que a maior parte dos infetados, principalmente crianças com idade inferior a seis anos, são assintomáticos.

A higiene pessoal e o saneamento são aconselhados como medidas preventivas. Para além disso, a forma mais eficaz de prevenção é vacinação.

Hepatite B tanto pode ser uma inflamação aguda como crónica. Esta última é mais comum entre crianças e jovens, e quando se diagnostica em adultos poderá ter já evoluído para doenças hepáticas graves, como por exemplo, a cirrose e o cancro do fígado.

Esta pode ser transmitida pelo sangue e algumas secreções corporais (sémen, secreções vaginais e saliva). O sexo desprotegido, a partilha de agulhas não esterilizadas ou contaminadas em contexto médico (via parentérica) e a transmissão vertical em que uma mulher infetada transmite o vírus ao recém-nascido durante o parto.

Quando se manifesta, os sintomas são equivalentes aos da hepatite A e, em casos mais graves, pode levar à falência do fígado. A prevenção recomendada é também a vacinação. Apesar da inexistência de uma cura para a Hepatite B crónica, são utilizados antivirais de forma a controlar a replicação viral e reduzir os riscos de complicações a longo prazo.

A principal hepatite viral crónica é a Hepatite C. Transmitido, principalmente, por via sanguínea, uma pequena quantidade de sangue contaminado, resultado de um corte, ferida ou partilha de agulhas, por exemplo, é suficiente para infetar outro indivíduo. A transmissão pode também ocorrer por via sexual, contudo, esta é pouco frequente.

Os infetados, na sua maioria, são assintomáticos. Quando há sintomas, o mais comum é a pele e os olhos amarelados (icterícia). Um doente crónico, apesar de não ter sintomas, pode estar a desenvolver cirrose ou cancro do fígado.

A forma mais adequada de prevenir este tipo de doença é evitar o contacto com sangue contaminado, uma vez que não existe vacina contra este vírus. É aconselhada a realização de um teste, feito através de uma análise ao sangue de modo a rastrear a exposição ao vírus. Quando diagnosticado, o tratamento, através de medicamentos antivirais, garante, atualmente, uma taxa de eficácia de cerca de 98%.

Hepatite D afeta apenas as pessoas com hepatite B, é rara e é transmitida, geralmente, por contacto parenteral, sobretudo através do uso de seringas infetadas. Esta coinfecção resulta muitas vezes numa hepatite fulminante, que provoca um dano hepático mais grave e rápido. Embora não existam tratamentos específicos contra este vírus, a melhor forma de prevenir a doença é através da vacinação para a hepatite B.

Por fim, a Hepatite E é uma infeção aguda, causada por um vírus de RNA. Transmitida por via fecal-oral e pode ser transmitido entre pessoas, bem como entre animais e humanos (sendo considerado uma zoonose). Os sintomas são semelhantes aos descritos nas restantes hepatites, contudo, e à semelhança de todos eles, não é comum que se manifestem. Tendo em conta a baixa prevalência deste tipo de infeção em Portugal, não existe uma vacina. Uma higiene pessoal correta é o melhor método de prevenção e o seu tratamento através de antiviral existe, apesar do seu uso ser limitado.

Em suma, todos os tipos de hepatites são extremamente silenciosos e, na ausência de sintomas, é necessário que cada um seja proativo na procura de prevenção de forma a garantir um diagnóstico precoce e evitar a evolução da doença e complicações associadas. Neste sentido, é importante que todos façam o teste através de análises ao sangue. Estas são rápidas, simples, indolores e os resultados são imediatos. Visite o seu gastroenterologista e faça o teste!

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